20 fevereiro, 2008

Maçã


Tão absorta, estava depois do último sonho, que o olhar permaneceu vago por um bom tempo.
Fixo num ponto infinito do qual, esperava, se salvaria alguma ideia, algum projecto!
Acordou para uma maçã à sua frente.
Uma maçã vermelha com rajadas de amarelo, leve no seu perfume, orvalhada na sua tona.
De repente, assim, sem mais, entrou na maçã, tão calorosamente quanto a presumia, extraindo-lhe o silêncio e a luminosidade que lhe pareceram, naquele instante, a sua última escala de sofisticação reflectida nas suas mil pérolas de água reluzente.
Foi se fazendo maçã, avermelhando-se toda em gotinhas vermelhas.
Num zanzar de luzes, sentiu-se a própria macieza da casca. E tão macia ficou que de repente o susto. Então de volta, vaga, absorta, olhando novamente acordada aquela coisa vermelhusca à sua frente: a insuportável beleza de perfeição de cor sedosa a fustigar uma inveja que sentia brotar no desejo de uma trinca.
Mas, a tal, parecia incorruptível em sua beleza, coisa feita de um silêncio todo sussurros.
Sem se saber maçã, de repente amadureceu.
E, tocada pelo orvalho, rendida finalmente ao pincel, sem sofisticação alguma, devorou as pinceladas, numa tentativa de incorporar alguma beleza natural.

19 fevereiro, 2008

Museu Sem Fronteiras em Elvas

Transformado de hospital da misericórdia em instituição museológica pelas mãos da equipa multidisciplinar constituída pelo arquitecto Pedro Reis e pelos designers Filipe Alarcão e Henrique Cayatte, nasceu em Julho-2007, aquele que é agora o bonito Museu de Arte Contemporânea de Elvas.
Partilho convosco um dos trabalhos que tive a oportunidade de apreciar na minha recente visita e que me tocou particularmente.






De título "A culpa Não é Minha" o artista João Pedro Vale cria esta "árvore", usando como base arame, recoberto por entrançados de váriados tipos de corda.
O efeito... seja pelo tamanho, seja pelos estranhos sentimentos que nos transmite, não é indiferente a ninguém. É sem dúvida, o artista a comunicar com as pessoas através da sua obra.

01 fevereiro, 2008

Quantas vezes passamos pela VIDA sem a VER ?

E sem atender aos pormenores que marcam as diferenças com que nos sintonizamos?

Assim aconteceu à Mena quando decidiu retratar estas castanhas no ouriço. Teve de as olhar com “olhos de VER”.
A primeira fase do trabalho foi enquadrar a composição e desenhá-la. Depois passou à selecção da gama das tonalidades de verde.

1ª Queima
A fase seguinte foi pegar no pincel e ....começar a praguejar, porque o desgraçado não “deixava” a tinta na porcelana ! Que luta ... o que vale é que bastou a aproximação da “Mestre” para ele obedecer de imediato.
2ª Queima

3ª Queima e Voilá ! A obra final !

Mas quando olhamos com “Olhos de Ver” sempre queremos “Saber” mais e aprofundamos a pesquisa. Vejam o que descobrimos:

Há indícios que a castanha seja oriunda da Ásia Menor, Balcãs e Cáucaso e que já existe a par com a história da civilização ocidental, há mais de 100 mil anos.
As castanhas têm cerca do dobro da percentagem de amido das batatas e são ricas em vitaminas C e B6 e uma boa fonte de potássio.
Os gregos e os romanos colocavam castanhas em ânforas cheias de mel silvestre porque além de as conservar, impregnava-o com o seu sabor.

Uma vez mais, Mena, o teu esforço foi recompensado em muitas vertentes! Em conhecimento e em superação pessoal. A tua perícia deu este excelente resultado.

Posso comer uma castanha ?