07 agosto, 2008

Tsunami

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!























"Tsunami", um trabalho de Noémia Travassos
com
poema de Fernando Pessoa (em Mar Portuguez- Prece)

3 comentários:

Anónimo disse...

Para Fernando Pessoa, a arte na sua definição plena, é a expressão armónica de nossa consciência das sensações, ou seja, as nossas sensações devem ser expressas de tal modo que criem um objecto que seja uma sensação para os outros. Daí, abraçares tão grande poeta, Noémia?
Oculta, mística e hermética, como ele.
Díspare, dirás tu!
Não, digo eu.
Antes de conceberes qualquer obra de arte há em ti um treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um despertar do que estava oculto. Certo? E daqui nos dás o que tens, o que sentes e o que és em desasossego constante, numa busca sempre em ascensão. Mais. E mais, em regresso ao antes de ti, partindo de algo anterior Mulher/Artista.
Aqui fica o meu apreço total por tudo e em tudo que sai das tuas Mãos!
Abençoadas, elas, as MÃOS!!!



e. babau

Ana Oliveira disse...

Noémia
Esta peça e a anterior fazem-me sentir aquela coisa de:"quando eu for grande quero pintar assim"!!
E por outro lado fazem-me querer trabalhar sempre mais para conseguir fazer melhor.
Obrigada
Ana

Cleo Borges disse...

Noemia, Que bela obra e escrita tao comovente!ès poeta, ESSA É A MELHOR QUALIDADE DE GENTE".
Receba meu beijo de Fé e Esperança.
Cléo Borges