22 janeiro, 2009

A ti, Mãe Negra qualquer ...

" Teu rosto retrata a alma sofrida, p´los filhos que deste à vida
vencida à custa do sangue e suor
derramado no pó da estrada da vida, amassado…
Curvada ao peso de imagens roubadas aos teus olhos secos,
de lágrimas choradas,
no silêncio da angústia que te amordaça,
um grito sem voz, um eco que passa ….

A ti, Mãe Branca qualquer…

Alma amarfanhada pelo sofrimento,
olhos baços e loucos de tal tormento
ao veres partir teu filho para uma guerra que dizem ser
p´ra defender sua terra…

Curvada ao peso de lágrimas vazias, de angústias resignadas,
de utopias,
tua vista cansada de dor incontida
contempla um futuro de vida sem vida ….

Trabalho de Noémia Travassos

A ti, Pai qualquer de qualquer cor …

Lágrimas contidas em punhos cerrados, de olhos febris e corações fechados,
Escondendo a dor nas gargantas secas, orgulho esvaído por ruas desertas ….
Caminhos da vida no rosto sulcados, por ruínas de fé e de amor sepultados
Em auroras longínquas de liberdade, esperanças perdidas de paz e verdade…

A todos vós, Mães e Pais de qualquer cor,
que caminharam sós pelo deserto da vida
Separados por dunas de pranto e de dor
e repousam agora em cova esquecida… "



Poema da autoria de: Sílvio Batista (África do Sul)

13 janeiro, 2009

Uma Voz do Brasil

" .....Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Trabalho de Lourdes Abraços (Vaso persa)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver. "

Trabalho de Lourdes Abraços (D.João IV)

Do Brasil, a nossa amiga Lourdes Abraços enviou-nos estes dois vasos, impregnados da força a que ela já nos habituou nos seus trabalhos de arte.
Emoldurei-os com um poema de Carlos Drumond de Andrade,
aproveitando a sua forma graciosa de usar as palavras, para saudar todos os brasileiros que nos visitam e em simultâneo desejar um ano de 2009 cheio de Arte.

05 janeiro, 2009

Um Novo Milénio

Uma instalação, composta por 4 peças em porcelana, duas das quais deliberadamente “partidas” para produzir o efeito especial que pretendia. Foi o meu trabalho de participação na Convenção Internacional de pintura em porcelana do México, Zacatecas em Março de 1999.

Na peça em primeiro plano, estão identificados os símbolo de alguns dos planetas do nosso sistema solar, logo seguido de uma mão em concha em postura de dádiva. A pomba identificadora da paz, a madre Teresa de Calcutá do amor universal e as crianças .... os instrumentos de disseminação pelo mundo desses valores .

A segunda peça do puzzle, é um calendário Azeteca quebrado. Com ele, pretendo chamar a atenção para o esquecimento e abandono a que votamos os conhecimentos e a sabedoria dos nossos ancestrais.
Um trabalho de Noémia Travassos
Na terceira peça, aparece-nos como pano de fundo uma barra azul estrelada simbolizando o cosmos onde está implantado o planeta Terra ou Gaya. A dividi-lo um feixe com as cores do arco-íris, gerado pelos pensamentos renovadores dos elementos da primeira peça. Cada uma das cores simboliza uma virtude transmutadora, p.ex: o amor universal, a vontade, a cura, a espiritualidade, etc..

Serão as nossas acções, imbuídas dessas energias, que “limparão” a metade esquerda do planeta (as águas verdosas da poluição, os continentes vermelhos das guerras, dos genocídios e de todos os flagelos que hoje o atingem) e o transformarão no planeta puro que se pode visualizar no lado direito.

A quarta peça da instalação e em último plano, é um círculo, ponto de concentração de todas as energias ascendentes e descendentes e em representação do “Uno – Divino” .

Toda a instalação assenta em anfiteatro sobre uma base acrílica polida, inter-relacionando todos os elementos da instalação.