28 agosto, 2008

Sir Lancelot

Os lustres têm para mim uma vertente simultaneamente divertida e criativa, porque com relativa facilidade tiro partido dos seus efeitos naturais e bem modernos.

Este guarda jóias de 15 cm de diâmetro, foi palco de uma dessas minhas “brincadeiras”.
Comecei por deixar cair em vários sítios da peça gotas de lustre madrepérola puro e espalhei com os dedos.
Aleatoriamente fui colocando gostas de lustre amarelo e azul (previamente diluído) e sem preencher toda a peça, soprando de imediato vigorosamente com uma palhinha.
Para descortinar a surpresa abstracta que dali ia resultar, queimei a 750º C.

Sabem o que acontece quando um grupo se põe a observar as nuvens?!
Cada um visualiza formas completamente diferentes.

Trabalho da autoria de Noémia Travassos

Pois, dentro desse princípio eu “Vi” na pintura abstracta do meu guarda jóias, um cavaleiro e a sua montada.
Para que se tornassem visíveis para o mundo, só tinha que completá-los.
Delineei os contornos com um pincel fino, acrescentei pormenores e, sempre a tirar partido das cores dos lustres, criei sombras para realçar o relevo das formas.

Cobri com uma tinta metalizada bronze as formas excedentes da linha limite do cavalo e preenchi algumas das partes vazias, criando assim o cenário de batalha para o meu lendário cavaleiro e cavalheiro - Sir Lancelot.

Experimentem ! É um exercício criativo muito estimulante com resultados estéticos únicos.

24 agosto, 2008

aguarela sobre porcelana

Trabalho da autoria de Maria José Cardoso

Por gentileza da querida amiga Noémia Travassos, eis-me a colaborar neste espaço de divulgação da pintura sobre porcelana, meu entretenimento desde há muitos anos.

Um abraço para ti.

Vamos então à divulgação...


Aguarela sobre porcelana, executada em aproximadamente três horas e numa só queima. Foram usadas as cores azul cobalto, verde esmeralda, púrpura e amarelo batidas com veículo aquoso e água. Usei pincéis espatulados.

Este foi um trabalho que não me requereu muito tempo nem projecto e onde me limitei, sem desenho a cumprir, a deixar que o pincel varresse a placa numa pincelada larga e livre, muito livre; deixando que a água percorresse o seu caminho esbocei e finalizei os peixes e talvez, quiçá com boa vontade...o fundo do mar!
E...foi assim!

Como já mencionei usei somente quatro cores e tentei mostrar um exercício simples, muito simples. Numa próxima intervenção apresentarei uma peça mais elaborada, prometo.

Espero que a simplicidade do trabalho não desmobilize o interesse pelo que se seguirá. Tenho esta forma estranha de me apresentar!

Tudo de bom para quem teve a gentileza de ler estas linhas.



UPSSSSSSSS!!!

A foto foi tirada por mim, com a minha pequena câmara, e... tenho na verdade pouca habilidade para a tarefa!!!!


Maria José Cardoso

19 agosto, 2008

LUSTRES

Trabalho da autoria de Elsa Masters
Ainda sobre o uso de lustres, deixo-vos uma travessa, da minha aluna Elsa Masters, em que os lustres foram aplicados num fundo quadriculado e em vários tons.
O restante trabalho foi executado com os pigmentos normais para porcelana, em algumas folhas usou-se relevo e areia que depois da queima foram cobertos com ouro brilho e platina.

Os lustres são conhecidos como tintas metálicas difíceis de guardar por muito tempo, mas a sua duração depende da composição dos mesmos.
Os lustres de cor carmim, rosa, purpura e violeta, sendo à base de ouro são os que têm uma duração mais curta, indo de 2 meses a um ano.
As outras cores podem durar anos em bom estado de conservação.

Há no entanto cuidados que se podem ter para lhes prolongar a boa qualidade de aplicação, que são: estarem bem fechados e com tampas bem limpas, maiores quantidades conservam-se melhor que restos em frascos pequenos e todos se aguentam mais tempo quando guardados no frio.
Um lustre mais antigo e portanto mais espesso nunca deve ser diluído com o diluente para lustres no próprio frasco, a diluição deve ser feita apenas na quantidade que se vai usar, caso contrário o que sobrar vai secar muito mais depressa.
Muito há ainda a dizer sobre os lustres e o seu uso... mas em pequenas doses para não os transformar num pesadelo, dado que são um material que nos pode conduzir a resultados maravilhosos e surpreendentes!
Espero que estas minhas dicas vos sejam úteis.
Bons trabalhos.

17 agosto, 2008

CAVALO CASTANHO

Olá!




Eis-me de volta, depois de ter interrompido uma nova “cavalgada”, em virtude dum internamento urgente (pancreatite aguda e operação à vesícula).


Depois de um período de recuperação retomei a “cavalgada” e aqui está o resultado.


Espero que gostem tanto quanto eu.
Trabalho da autoria de Diamantino Sousa

13 agosto, 2008

Curiosidades de Pierre-Auguste Renoir

Sabiam que Renoir começou a sua carreira como pintor de porcelana ?
Pois é verdade ! A vida fê-lo nascer em França - Limoges, em 1841.
Filho de pais pobres, foi na verdadeira acepção da palavra um autodidacta.

Aos doze anos tornou-se pintor de porcelana e as qualidades que assimilou nessa arte, persistiram através de toda a sua evolução.


Óleo de Renoir - Auto Retrato (1876)

Afinal sempre tenho razão quando digo que a pintura em porcelana é a Mestra das Mestras!

Na abordagem que Herbert Read, no seu livro “O significado da Arte” faz sobre o pintor, pode ler-se:
“...Renoir, tinha uma sensibilidade extraordinária para a superfície das coisas, e em particular para a superfície de carne delicada e das pétalas de flores.
Flores ou tons de carne que são como flores do corpo de uma mulher ou de uma criança - Renoir raramente pintou outra coisa; e conta-se que interrompia a pintura de um nu meio acabado para pintar rosas, muitas rosas, para com esse exercício aprender a exprimir o lustro subtil da pele do modelo...”

Óleo de Renoir - A Família do Artista (1896)

Deixou de existir fisicamente aos 78 anos, mas o seu ser permanece bem vivo através da sua extensa obra.

07 agosto, 2008

Tsunami

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!























"Tsunami", um trabalho de Noémia Travassos
com
poema de Fernando Pessoa (em Mar Portuguez- Prece)