24 março, 2010

Aprender a Pintar e a CRIAR

Todos os dias nos surpreendemos com os exemplos de criatividade que desfilam pelas nossas retinas, sejam eles, pinturas, esculturas, Spots publicitários, design de interiores, projectos arquitectónicos, fotografia digital, etc….

Da coisa mais banal, de algo que manejamos todos os dias sem nos suscitar qualquer atenção especial, aparece então alguém que, com a sua capacidade de “ver” para além do óbvio, surpreende tudo e todos transmutando essa banalidade em algo Artístico.
Será que este é um processo selectivo? Que está destinado apenas a uns quantos eleitos?

Na qualidade de professora de arte e pela experiência apreendida nos 21 anos de contactos com formandos, constatei que todos podem ser criativos nas matérias das suas apetências inatas.
- Que queres ser quando fores grande?
Fazemos a pergunta e ouvimos as imediatas respostas das crianças, revelando intuitivamente as suas tendências, quantas vezes já antecipadamente adivinhadas pelos pais mais atentos.

Trabalho da pintora Irene Araújo
(os primeiros passos na arte de pintar e criar)


Que fazer então para desenvolver esse potencial criativo adormecido dentro de nós?

A primeira etapa - o “Arranque”
é sempre um processo mental, o nascer da ideia.
Há por isso, que dar crédito às nossas ideias, acreditar nelas e validar a sua viabilidade, ao revés de rejeitá-las sem as explorar devidamente.

Segunda etapa - Continuando no plano mental, escolher e identificar os elementos intervenientes.
Fechar os olhos, entrar dentro de nós, montar o projecto etereamente, alindando a composição a nosso bel-prazer até a aceitarmos como perfeita. Ajuda fazer rascunhos.
Demore o tempo que for preciso…esses minutos, horas ou meses em que “arranjamos” mentalmente o projecto, são a verdadeira essência do nosso processo criativo, do nosso EU.
Enquanto ele estiver na “incubadora” mental, tudo o percepcionamos com os nossos sentidos é informação passível de ser usada no projecto.
Até que, sem dia, hora ou local marcado, nos surge a “Luz Branca” , o momento em que encontramos o elemento que nos faltava e que finalmente completa o projecto etéreo.

Terceira etapa- A materialização da nossa ideia conceptual.
Elegem-se os meios e os materiais e devotamo-nos ao trabalho de a reproduzir fielmente.
Tarefa nem sempre linear porque quase sempre aparecem obstáculos que não antecipamos. Passar uma imagem multidimensional para bi ou tridimensional tem os seus ajustes ou melhor… os seus desafios estimulantes, em regra directamente proporcionais às nossas capacidades técnicas de execução.
De quando em vez, as coisas não correm bem (a imagem real não retrata a ideia conceptual) e há que reformular tudo, recomeçar, reformular os componentes. Não vale desistir porque quando criamos, buscamos o melhor de nós e é nesse esforço que nos tornamos verdadeiramente dignos de mérito.

Quarta Etapa – A avaliação pessoal do resultado!
Aquela em que olhamos para o “trabalho” e nos JULGAMOS. Volta a ser um processo mental.
Fase difícil… estamos emocionalmente tão envolvidos nele que com frequência temos alguma dificuldade em avaliarmos com isenção. Deixe passar uns dias e depois, reavalie.
Se ele conta com a nossa aprovação … não há critico no mundo que derrube as nossas convicções pois o que conquistamos interiormente com a realização daquela OBRA, é algo tão sublime e inestimável, quanto a nossa evolução pessoal.

Já vai longa esta minha publicação, mas deixe-me ainda acrescentar que com o tempo e as experiências criativas, vamos gradualmente acelerando a primeira e segunda etapas, de tal forma que chegamos a um ponto em que as nossas “ideias”, por falta de tempo, fazem fila… para serem materializadas :))