07 maio, 2008
Deusa Bastet
Apareceste e colaste nos meus os teus olhos de esmeralda. Ofereci-te comida e aceitaste. Abri-te a porta da casa e entraste. Visitaste os meus lugares e elegeste o banco alto onde poisaste. Como uma rainha, no seu trono de aperceber o império. Consentes que te acaricie, apenas com o olhar. Quando ficamos frente a frente, reclino-me no silêncio a adivinhar-te. Vigilante de templos derrubados, confidente da solidão dos céus, feiticeira temida e acossada, musa bem-amada, caçadora intrépida e implacável, fêmea cumpridora de namoros breves e doces maternidades. Sabes do meu riso e do meu pranto. Eu nada sei de ti, altiva, solitária, sedutora. Gata ou reflexo de uma deusa? Haverá uma noite para eu transpor o muro e ir ao teu encontro. Ouviremos, pela única vez, o coro das estrelas reclamando o brilho dos teus olhos, o nada das minhas mãos. (Autora: Licínia Quitério)
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2 comentários:
São assim os gatos...verdadeiros deuses que nos deixam sempre perdidos nos seus mistérios...
Adorei a peça e a força com que transmite esse mesmo mistério
Ana
Ah, eu nem me apercebi o quanto andei fugida.
Só agora olhando a gata me apercebi.
Ao autor, desejo que o transpor do muro, seja muito rápido para que possamos de novo pincelar deambulando pelas nossas bricandeiras
Beijos
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